Nos últimos trinta anos, o movimento homossexual se tornou um poderoso impulso propulsor de mudança cultural. Na verdade, esforços para a normalização do comportamento e relacionamentos homosexuais são agora reconhecidos em grandes segmentos da sociedade como um grupo de interesse legítimo. Embora a identificação dos homosexuais como um grupo político organizado tenha ocorrido em 1969 com as rebeliões de Stonewall, em Nova Iorque, o movimento não teve nenhuma forma de avanço cultural até os anos 90.
Como evidência disso, veja a aceitação e promoção da homossexualidade e homoeroticismo na mídia popular. Revistas, programas de tv, filmes de Hollywood agora contém representações positivas da homossexualidade e de relacionamentos homossexuais. Sem dúvida, o comportamento homossexual não começou em 1969. Contudo, até os tempos recentes, não existia celebração da homossexualidade ou alguma tentativa de incorporar a homossexualidade na cultura popular. Mesmo na década de 90, foi apenas nos últimos anos que a aceleração realmente chegou com força.
A colunista Maggie Gallagher observou: “Nem sempre fomos, de forma tão lamentável, dependentes do ato sexual propriamente dito. Há duzentos anos atrás, por exemplo, a homossexualidade não existia. Havia sodomia, com certeza, bestialiadade, fornicação, adultério e outros pecados sexuais, mas nenhum destes atos proibidos alterava a paisagem sexual de forma fundamental. Um homem que praticou a sodomia talvez tivesse perdido sua alma, mas ele não havia perdido seu gênero. Ele não se tornou um homossexual — um terceiro sexo. Isso foi uma invenção da imaginação do século dezenove”.
Pode haver debate sobre este argumento, mas ele também é muito interessante — ele vem tanto da direita quanto da esquerda política. À direita há observadores como Maggie Gallagher, que baseia seu argumento na lei natural; enquanto na esquerda encontram-se teóricos como o falecido Michel Foucault, filósofo pós-moderno francês. Ambos argumentaram que, enquanto haviam homens e mulheres comentendo atos homossexuais, não havia a terceira espécie de “homossexual” até os tempos Vitorianos. Mesmo no século vinte, a homossexualidade ainda não era amplamente aceita como um grupo de interesse até o final da década de 90, quando se tornou parte da cultura popular. A Associação Psiquiátrica Americana removeu homossexualiadade do seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais apenas em 1973, e isso foi mais o resultado de pressão política do que qualquer tipo de evidência médica ou científica. Levou mais de duas décadas — de 1973 até o fim dos anos 90 — para esta mudança entrar na consciência popular.
O nosso engajamento com a questão da homossexualidade não está mais apenas no nível teológico ou teórico. Está sendo vivido na cultura popular, onde agora a agenda homossexual tem como um de seus principais objetivos fazer com que imagens, literatura, linguagem e relacionamentos homoeróticos sejam tão aceitáveis quanto relacionamentos heterossexuais. E não se trata apenas de Ellen DeGeneres, Brokeback Mountain e outros desenvolvimentos na televisão e no cinema.
Durante os anos 90, o trabalho do fotógrafo Bruce Weber, cujas imagens têm sido símbolo da pornografia homossexual por muitos anos, tornou-se um grande ponto decisivo na popularização da homossexualidade e homoeroticismo. O trabalho de Weber adquiriu grande proeminência em uma série de propagandas feitas para o estilista Calvin Klein. Exibido em evidência na Times Square, em Nova Iorque, em pontos de ônibus e outdoors por toda a cidade, essas foram as primeiras propagandas a usar o porte masculino em imagens explicitamente sexuais com o propósito de ganho comercial. Ao invés de chocar a nação, as imagens controversas, na realidade, provaram-se produtivas no sentido comercial.
Hoje, audiências cada vez mais jovens são alvo deste tipo de imagens. Por fim, Abercrombie and Fitch — uma grande marca destinada a adolescentes e jovens — contratou Weber como seu fotógrafo e a suas imagens homoeróticas começaram a decorar shoppings por todos o país. Em sua essência, as fotografias não escondiam seu conteúdo pornográfico. O que mudou de forma tão fundamental foi isto: menos de vinte anos atrás, a maioria dos homens jovens teria fugido de imagens de homens quase nus em poses eróticas. Agora, essas imagens tornaram-se tão populares — e até mesmo comercialmente bem-sucedidas — que a estética homoerótica está sendo reconhecida como uma das formas de propaganda mais eficientes para se alcançar o público jovem.
É difícil compreender o tamanho da inversão moral e cultural que isso é de verdade. O mundo no qual as crianças hoje habitam é um mundo fundamentalmente diferente do mundo que os seus pais conheciam. É provável que quando estas crianças tiverem idade de ir para a escola, elas serão confrontadas com livros como Heather Has Two Mommies [Heather Tem Duas Mamães], Daddy's Roommate [O Colega de Quarto do Papai] e outros. Além disso, a homossexualidade está sendo apresentada na televisão e outras mídias como um estilo de vida aceitável.
Tudo isso leva a pergunta: O gênero de uma pessoa ainda importa? Essa é uma questão que diz respeito à estrutura da criação em si e o fato do nosso corpo e gênero ser criado como homem e mulher de acordo com a ordem criada por Deus. Isto é, sem dúvida, uma categorização bem estrita. Isso vai contra a teoria fisiológica e terapêutica moderna. De acordo com a opinião acadêmica predominante, existe um espectro entre homem e mulher, e entre heterossexualidade e homossexualidade. Como consequência, acabamos por ver novas categorias inventadas, como transgênero e transsexual. O fato é, quando uma cultura se entrega a algo que rejeita fundamentalmente a ordem criada, o resultado é uma ordem completamente nova, a qual, gera desordem em massa. E com exatidão, é onde nos encontramos na cultura atual. Vemos esta realidade impregnada no que vemos nas mídias de massa.
A questão é como a igreja irá responder a este desafio. Até o momento, nossa falha em nos engajarmos com este problema com convicção e energia significante tem deixado o movimento evangélico, de forma geral, em um estado de reação. Se devemos expor uma posição positiva em resposta ao desafio homossexual, devemos, em primeiro lugar, estabelecer nosso próprio entendimento da sexualidade humana. Ao mesmo tempo, devemos ser muito claros e honestos sobre o que a Escritura revela sobre a homossexualidade, não apenas em termos de atos genitais, mas em termos de rejeição espiritual. Fazemos isso confiantes que a incarnação do Filho e a divina revelação da Escritura são superiores a qualquer outra reivindicação de autoridade. Não devemos nos encolher ou nos render em face ao secularismo, nem diante de todos os argumentos dados em defesa da homossexualidade.
Com isto em mente, cristãos deveriam usar nesse argumento as ferramentas que nos foram dadas pelo nosso Criador, e não ferramentas inventadas por nós mesmos. Em outras palavras, cristãos não argumentam do ponto de vista da psicologia, sociologia, medicina e outras áreas. Fazer isto seria renunciar a única autoridade dada por Deus a nós — autoridade da Bíblia. Pode parecer estranho introduzir o argumento de Romanos 1 em uma cultura como a nossa, mas a verdade é que foi igualmente estranho Paulo o escrever no primeiro século.
A necessidade mais urgente é que a igreja assuma este desafio e apresente uma defesa clara e convincente da sexualidade humana como definida pelo Criador. Nossa maior preocupação deve ser uma apresentação positiva do perfeito propósito de Deus em criar-nos homem e mulher, e como seres sexuais. Entretanto, devemos também confrontar as confusões e distorções da nossa era, sabendo que a rejeição do padrão e ordem de Deus para a nossa sexualidade leva, de forma inevitável, à infelicidade humana e julgamento de Deus. Em um sentido muito real, hoje nos encontramos em uma posição muito similar à dos cristãos do primeiro século. Somos chamados para confrontar nossa cultura com a mensagem revolucionária da verdade cristã aplicada a cada dimensão da vida..
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Tradução de David Cecilio.
Texto original disponível aqui.
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