Nós que apaixonadamente amamos doutrina sabemos que teologia recebe muitas acusações furadas de muitos na Igreja. Ela é vista como oposta a piedade, ou pelo menos como algo que distrai a Igreja de sua missão de fazer discípulos no mundo. Nós somos acusados de arrogância, discussões sobre assunto inúteis e também por sermos pessoalmente frios para com Deus e com outros.
Infelizmente, algumas vezes nós cabemos nesta descrição. Eu sou um estudante de teologia e vi muita contenciosidade, esnobismo e frieza de coração entre aqueles que estudavam para tornarem-se pastores e professores de seminário. Vi muito disso em mim mesmo.
Porquê? Não pode ser que a teologia inerentemente nos faz desta forma. Teologia é bom. Deus é um assunto infinitamente belo e infinitamente digno de ser estudado. Teologia nos ajuda a entender e articular a verdade sobre Deus. Isto também nos ajuda a discernir e a nos opôr ao ensinamento errôneo. Vida espiritual sem teologia robusta acaba por escorregar em direção a um pietismo ingênuo e se torna suscetível a heresia.
Nós não precisamos de menos teologia. Mas nós podemos ser tentados a viver sob a ilusão que apenas teologia é suficiente. Nossa fé é principalmente um relacionamento com o Deus vivo. Nós precisamos complementar nossa teologia, nosso conhecimento de Deus, o que pode ser chamado Tuologia: conhecimento de Deus direto e relacional. "Tu" é necessariamente relacional; Eu não posso falar sobre "Tu" - apenas diretamente com este "Tu". "Tu" relembra-me que Deus é um ser, não apenas um assunto de estudo.
A diferença entre teologia e Tuologia é a diferença entre ler um livro sobre casamento e sair para um jantar romântico com minha esposa. Meu entendimento de casamento certamente precisa de melhoras. Mas conhecimento experimental sobre minha esposa pode vir apenas de tempo junto face-a-face. Eu vou aprender mais sobre ela durante este tempo mas também vou me relacionar com ela de uma forma que me faça amá-la e estimá-la mais. Da mesma forma, devemos nos ocupar em conhecer a Deus em um nível pessoal, interagindo com Ele para verdadeiramente O estudarmos.
Os Salmos nos mostram a riqueza de uma vida imersa em Tuologia:
"Far-me-ás ver a vereda da vida; na tua presença há fartura de alegrias; à tua mão direita há delícias perpetuamente" - Sl 16:11.
"Uma coisa pedi ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e inquirir no seu templo" - Sl 27:4.
"Para ver a tua força e a tua glória, como te vi no santuário. Porque a tua benignidade é melhor do que a vida, os meus lábios te louvarão" - Sl 63:2-3.
As mais belas descrições de esperança do futuro são também expressas em termos de relacionamento pessoal direto:
"O Senhor teu Deus, o poderoso, está no meio de ti, ele salvará; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á por seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo" - Sf 3:17.
"E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus" - Ap 21:3.
"E ali nunca mais haverá maldição contra alguém; e nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão. E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome" - Ap 22:3-4.
Até mesmo a metáfora última que dirige o relacionamento de Cristo com a Igreja - O noivo e a noiva - é um relacionamento entre "Eu e Tu". Se nós quisermos nos preparar para a Eternidade, vamos começar agora a cultivar a Tuologia. Aqui estão cinco sugestões de como podemos fazer isto.
1. Solidifique-se no Evangelho.
Guias sobre espiritualidade podem ser centrados nos homem, prometendo que a técnica ou o hábito certo nos garantirão um relacionamento satisfatório com Deus. Mas nós como cristãos já temos acesso a presença de Deus - inteiramente por causa da obra de Jesus imputada a nós pela graça de Deus. Não há espaço para orgulho diante do Deus chamado "fogo consumidor". Mas este mesmo Deus nos adotou como seus filhos. Pregue a si mesmo o evangelho diariamente, lembrando-se que Deus por amor já assegurou seu relacionamento com Ele. A humildade e gratidão que esta reflexão produzirá irá prepará-lo para relacionar-se com Deus como "Tu".
2. Medite em todo o conselho de Deus.
Meditação é a digestão deliberada com o propósito de nutrição espiritual. A palavra de Deus nos ensina, nos desafia, nos equipa - essencialmente, nos alimenta. Digerir a palavra de Deus nos leva a conhecer o Deus que a inspirou e foi seu autor.
Amantes de teologia geralmente amam epístolas paulinas. A rigorosa lógica deles os leva a um estudo profundo. Os outros estilos contêm verdade na mesma medida mas em diferentes formas: narrativas bagunçadas e impregnadas de humanidade, profecias de corações inflamados, literatura de sabedoria contemplativa, revelações transcedentais - todos estes proclamam verdades, todos contêm Deus igualmente. Para que conheçamos a Deus completamente, devemos trazer dentro de nós mesmos todas as formas com as quais Deus falou sobre Si mesmo para nós.
3. Trate Deus como uma pessoa quando você ora.
Até mesmo quando oramos, às vezes sentimos que estamos apenas jogando palavras no ar. Confessamos nossos pecados, expressamos nossas emoções, trazemos nossas necessidades diante de Deus e até mesmo clamamos pela salvação de outros sem realmente envolver-se com Deus como se Ele fosse um ser real. Não há técnica certeira para relacionar-se com Deus na oração "tuológica". Ou nós damos atenção a Ele ou não damos. Olhe para Ele, focando-se no que Ele é. Diga a si mesmo que Ele está lá, pois Ele está. Interaja com Ele, sabendo que Ele realmente está ouvindo e pode até mesmo te responder.
4. Imediatamente digira todo o aprendizado teológico em adoração.
Paulo conclui seu renomado tratado teológico nos onze primeiros capítulos de Romanos com uma erupção de adoração. A soberania de Deus, transcendência e mistério o provocam a adorar. O estudante de Tuologia irá procurar, a partir da leitura de uma obra saudável de teologia, adorar o Deus revelado nela. Se tomarmos o que lemos e falarmos ou cantamos à Deus em adoração, nós nos acharemos mais conscientes de Deus como "Tu" e com um entendimento mais rico do Deus que adoramos.
5. Discuta "tuologia" com outros - especialmente com aqueles com uma teologia diferente da sua.
Falar de teologia geralmente estabelece as diferenças: Tentando entender o ponto de vista do outro, defendendo o nosso, talvez gentilmente questionando o deles. Mas Tuologia - discutir sobre Deus como Ele é revelando a si mesmo e relacionando-Se conosco - pode nos aproximar. Conversas tuológicas firmemente estabelecem nossos corações em Deus. Elas nos lembram que um dia todos nós estaremos em pé como uma só multidão, clamando para o único Deus: "A salvação pertence ao nosso Deus que se assenta no trono, a ao Cordeiro!"
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Tradução de David Cecilio
Texto original disponível aqui.